Mladen Jovanovic: A Utilização de Indicadores Subjetivos no Monitoramento e na Programação de Treino - Parte 1



Nesse artigo de duas partes Mladen Jovanovic traz uma visão analítica sobre o planejamento do processo de treino utilizando como fonte de informação o feedback fornecido pelos atletas, no que conhecemos como Escala de Percepção Subjetiva de Esforço (PSE). Na primeira parte desse artigo Mladen faz referências sobre o papel do treinador e quais os fatores relevantes que quando utilizados por estes, garantem que os níveis desejados de treino sejam obtidos.  Termos como "flexibilidade do treinador e do programa" são conceitos comuns que tem se tornado fundamentais para o planejamento ou periodização de treino, especialmente no alto nível. 
Boa leitura. 


Tempo de Leitura: 4 min
O processo de de preparação de atletas para competições pode ser considerado como um sistema de adaptação complexo e que podem também ser dividido em (1) treinamento (2) competição (3) recuperação de subsistemas.



O treinador é a pessoa que utiliza as informações que podem ocorrer e os feedbacks para manipular os elementos que compõem esse sistema complexo com o objetivo de manter o estado e o comportamento desses resultados em níveis desejados (e no tempo desejado), e na maioria das vezes os influenciando através do estímulo de treinamento que são compostos por (1) cargas de treino (intensidade, volume, intensidade, etc. ) (2) meios de treino ou exercícios e (3) métodos de treino. Esse processo de gerenciamento é regulado por 3 fatores, especialmente (1) o estado atual e a performance (2) resultados/performance/objetivos do processo e (3) contexto.

O comportamento desse sistema (tanto no nível da equipe quanto individual) ou sua performance é influenciada pelos seguintes grupos de fatores (endereçadas pelos elementos de treino):
 - Preparação Técnica
 - Preparação Tática e tomada de decisão
 - Preparação Física
 - Preparação Psicológica e dureza mental
 - Caráter do atleta e as habilidades de comunicação
 - Estratégia e plano de ação
A organização do processo de treinamento com o objetivo de levar esses elementos ao estágio desejado pode ser visto através desses três níveis: (1) Periodização, (2) Planejamento e (3) Programação.


Esses três níveis podem ser vistos com lentes diferentes de organização do processo de treino e cada uma apresenta um conjunto de princípios que guiam sua organização. Esses três níveis são interconectados e inter-relacionados.

O treinador precisa utilizar uma abordagem flexível o suficiente nessa organização do treinamento e podemos dizer que os três níveis citados apresentam diferentes níveis de flexibilidade sendo a programação a mais flexível e a periodização a mais rígida. Ser flexível é uma qualidade muito importante já que o comportamento dos sistemas de adaptação complexas tais como o processo de preparação podem ser muito imprevisíveis. Mike Tyson costumava dizer que “Todo mundo tem um plano até levar um soco na cara”, o que de alguma maneira resume os problemas relacionados ao controle e organização do processo de treinamento.

Para atingir essa flexibilidade o treinador precisa modificar o estímulo e o processo de treinamento em geral e de acordo com o as reações do atleta (adaptar os treinos ao atleta, e não o contrário) que são chamados de efeitos de treino. Vladimir Issurin classifica os efeitos de treino pelos seguintes grupos:

 - Efeitos agudos de treino
 - Efeitos imediatos de treino
 - Efeitos cumulativos de treino
 - Efeitos tardios de treino
 - Efeitos residuais de treino

Para mais informações sobre esses efeitos de treino os leitores mais interessados podem consultar as obras de Vladimir Issurin.
Esse conceito é retratado na seguinte figura:




Para avaliar e analisar esses efeitos de treino, o treinador pode utilizar diferentes tipos de (1) Monitoramento (2) Testes (3) Análises das competições. Esse tipo de análise pode produzir leis de causa e efeito que podem ser usadas para direcionar o processo de treinamento no futuro e expandir a prática e o conhecimento empírico.
A segunda parte desse artigo irá se concentrar no monitoramento dos indicadores subjetivos dos efeitos de treino agudos e imediatos é suas utilizações como feedback na programação do processo de treino.

Referências
  1. Edwards, A.M., Bentley, M.B., Mann, M.E., Seaholme, T.S. Self-pacing in interval training: A teleoanticipatory approach. Psychophysiology. 2010 June 1.
  2. Foster, C. Monitoring training in athletes with reference to overtraining syndrome. Med Sci Sports Exerc 30: 1164–1168, 1998.
  3. Foster, C., Florhaug, J.A., Franklin, J., Gottschall, L., Hrovatin, L.A., Parker, S., Doleshal, P., Dodge, C. A new approach to monitoring exercise training. J Strength Cond Res. 2001 Feb;15(1):109-15     
  4. Issurin, VB. Generalized training effects induced by athletic preparation. J Sports Med Phys Fitness. 2009. 49:00-00.
  5. Issurin, VB. Block Periodization. Ultimate Athlete Concepts. 2008.
  6. Issurin, VB. Principles and basics of advanced athletic training. Ultimate Athlete Concepts. 2008 
  7. Jovanovic, M. Training: Planning and ProgrammingSeminar Paper. Faculty of Sports and Physical Education, Belgrade. 2005.


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